domingo, 30 de janeiro de 2011

O Caminho dos Números - 2005

Comecei no zero
e de lá quis pular para o 21,
mas eu tinha o problema do 7.
Afinal, me faltava o 8.
O 9 me chamava
mas eu não ouvia.
Foi fácil cair no 15.
Eu não tinha o 17
e o 4 me endurecia.
Anciava pelo 19
mas não encontrava,
não sabia como, nem onde!
Estava cheia de 18.
Precisava do 13.
Precisava desesperadamente do 13.
Mas a essa altura
quem veio foi o 16.
E em busca do 14
tive que recomeçar do 1.
Foi quando encontrei o 2,
chamado pelo 20.
Era o 10. A minha vez.
Hora de fazer o 6
e descobrir que eu tenho o 11!
Chega do 12,
dele ficam os outros 12.
O 3 transborda em mim
e graças a Deus
manifesto o 5.
Finalmente, 22!
Agora é 23.
E sei que por 25 chegarei a 32.

Que venham as Espadas.
Estou pronta.

por Rosa Antuña em 2005

Arcanos Maiores - 0 ou 22 ao 4

carta 0 ou 22 :

O LOUCO

Ele é aquele que tudo desconhece .

É a criança .
A pureza .
A ingenuidade .

Surge e desaparece .

O que não se espera
é o que acontece .

Louco ou sábio ,
ele inicia e ele encerra
um longo caminho
a percorrer sobre a terra .

...

carta 1 :

O MAGO

O malabarista.

O aprendiz.

Iniciando um caminho ele está.
Sobre sua mesa,
seus quatro elementos deve encontrar.
E é com os recursos de agora
que irá criar

_um universo a seu alcance
para trabalhar!

...

carta 2 :

A SACERDOTIZA
(o sorriso contido)

Ela é conhecedora dos segredos, dos mistérios,
do que está oculto.
Ela tudo sabe e nada revela.
Nada a atinge. Nada ela teme.
Seu véu a protege. Seu manto a resguarda.
Ela conhece as trevas.
Conhece todos os monstros. Todas as caras feias.
A Quimera.
Conhece do mundo seu lado mais podre e fétido.
E ela nada teme. Ela nada revela.
Mantém-se firme, estática, observadora.
Conhece a sombra.
Conhece seu próprio inconsciente.
Conhece o inconsciente coletivo.

A intuição é o seu silêncio.

E ela é conhecedora da luz.
É conhecedora do que há de mais puro e sagrado
entre o Céu e a Terra.
Ela sabe como chegar aos Portais.
E ela nada revela.
...

carta 3 :

A IMPERATRIZ

A que cria .
A que gera .
A que gesta .

Ela é a que concebe .
Racional e amorosa , ela governa .

É o terceiro elemento .

A expressão criativa do ser .
O ser feminino .

A companheira .
A mãe .
A mulher .

...

carta 4 :

O IMPERADOR

O quarto elemento .
Ele é o que dá forma .
A matéria .
A sustentação .
O poder de realização .
O quatro .

_Há uma tênue linha entre firmeza e autoritarismo .

O ser masculino .
O protetor .
O homem .

O pai .

por Rosa Antuña em 2005

Arcanos Maiores - 5 ao 10

carta 5 :

O SUMO-SACERDOTE

O papa .
O pontífice .
O hierofante .

Os valores morais e éticos .
As leis espirituais .
Os guias , os mestres .
Nosso EU-SUPERIOR .
A expressão da espiritualidade .
As bênçãos espirituais .
As bênçãos matrimoniais .

O quinto elemento .
O cinco .

...

carta 6 :

O ENAMORADO

Na dúvida ,
o ser estagnado .
Para o futuro
Ou para o passado ?
É desapegar-se
Para estar liberado!
Está dividido
o coração do enamorado ...

qual amor ...
qual caminho ?

Uma escolha acertada ,
uma taça de vinho !

...

carta 7 :

O CARRO

O sucesso .
A vitória .
As conquistas .

Determinar seu caminho
e seguir adiante .
A mente tranqüila
é quem comanda as forças opostas .
Rápido demais
pode sair do controle .
Direcione e determine .

Sem disputa .

A sua vitória é com você mesmo !

...

carta 8 :

A JUSTIÇA

Fria e racional .

Pesa os prós e os contras .

A emoção não a altera .

A verdade é o que impera .

O que se planta se colhe .

O que houve um dia,
um dia haverá .

Há certas coisas
que não se pode evitar !

...

carta 9 :

O EREMITA

O Iniciado .
Aquele que faz silêncio .
Do mundo externo
Seu manto o protege .
Para o mundo interno
Sua lanterna o conduz .

É hora de encontrar a si mesmo .

Encontrar a individualização .
Para encontrar a luz
É necessário encontrar a sombra .
Trabalhar a personalidade .
Aprofundar-se .
Tornar-se conhecedor de sua própria Alma .

E lembre-se :
Reservado e em silêncio ,
Siga seu caminho sempre !

...

carta 10 :

A RODA DA FORTUNA

Movimento .
Tudo o que sobe , desce .
O último , um dia se torna o primeiro .
Trabalho , negócios , dinheiro – o social .
A vida é feita de ciclos .

- O KARMA -

Um padrão repetitivo
que deve ser identificado .

Caminhe para o centro da roda
e seja dono do seu destino !


- O que o mago faria agora ?

por Rosa Antuña em 2005

Arcanos Maiores - 11 ao 16

carta 11 :

A FORÇA

O domínio sobre os impulsos do ego .

A força mental que atua
- sutilmente -

Força espiritual .

Grande poder mental .

- Cuidado ! Não manipule , nem seja manipulado !

Aproxime-se do que é espiritual
e reconheça a sua Força Mental !

...

carta 12 :

O ENFORCADO

Doze pontos de vista pode haver :

A vítima
O coitadinho
O dependente
Sofrimento
Sacrifício consciente
Pendências a serem resolvidas
Ser abnegado
As missões
Os nós atados
Pausa para reflexão
Suspensão de algum projeto
Desapego

E ainda mais doze você pode escrever !

...

carta 13 :

A MORTE

Bela e forte
Eis que chega - A MORTE .

Transformando velhos hábitos
Limpando o terreno
Para plantar novas sementes .

As transformações são rápidas e intensas .

A hora é agora .

Arrancar raízes profundas pode doer ,
Mas não há alegria maior do que

RENASCER !

...

carta 14 :

A TEMPERANÇA

A cura !
O equilíbrio !
A harmonia !

- homeopatia -

A concórdia .
É momento de conciliação
É um tempo de espera criativo .
Calma .
Tudo tem seu tempo .
É melhor esperar mais um pouco
Para ver o Sol nascer !

...

carta 15 :

O DIABO

Estar presente aqui e agora .
Fazer e acontecer .
Questões materiais .
A necessidade de realização de um desejo .
- Qual é o seu desejo hoje ?

As paixões .
Sexo .
Tesão .
Cuidado para não tornar-se escravo do seu desejo .
Cuidado para não cair em turbilhões astrais !
Dominação .
Manipulação .

- O instinto dominando a vontade .

Esteja atento :

“ Diabo quando descansa ,
amola as moscas com o rabo ! “

...

carta 16 :

A TORRE

A providência divina .
O raio divino que vem e rompe
com os castelos de areia ,
rompe com nossas máscaras .

A desestrutura necessária
para a reconstrução da personalidade ,
de uma relação, de um negócio, de um desejo .

Doa a quem doer .
Não sobrará pedra sobre pedra .

É a grande oportunidade para se reconstruir
suas próprias bases de maneira mais firme e sólida .

É a criação de uma nova estrutura
Mais madura , realista e verdadeira .

- Mantenha os pés no chão e respire fundo !

por Rosa Antuña em 2005

Arcanos Maiores - 17 ao 21

carta 17 :

A ESTRELA

A esperança .
A fé .
O ideal .
A confiança em si mesmo .
A auto-estima .

É importante Acreditar no sonho
para torna-lo realidade .

A Estrela vive dentro de nós
e ela precisa brilhar com toda a alegria,
com toda a força !

A Felicidade é uma bênção
que todos nós merecemos !

Graças a Deus !

...

carta 18 :

A LUA

O mistério . A magia .
O que está oculto .
Há algo que não se sabe .
As emoções precisam ser revistas .

- hidroterapia acalma as águas revoltas das emoções .

O inconsciente .
O que você ainda não sabe sobre si mesmo ?
O que você desconhece ?
Quais são seus medos ?

Observe os seus sonhos .
Esteja atento à sua intuição ,
às vidas passadas ...
à sua história .

Um mergulho profundo dentro de si mesmo
Pode tornar claro o que estava escuro .

CORAGEM !

...

carta 19 :

O SOL

A consciência .
A clareza .
A luz !
Felicidade , alegria !
União , parceria , sociedade , casamento !
Amizades .
Trabalhos com grupos de pessoas .
Ambiente receptivo .
Encontros felizes !
Caminho aberto .

Desfrute !

...

carta 20 :

O JULGAMENTO

O Karma .

A memória .

A família e seus laços kármicos .

O que deve ser resolvido .

O que se deve cumprir para sua evolução e crescimento .

O Portal para o passado .

O Chamado .

É hora de ouvi-lo .

E atendê-lo .

...

carta 21 :

O MUNDO

O Dharma .

A plenitude .
A grande conquista .
O mundo .
A liberdade .
A arte , a dança .
A conclusão de um ciclo .
Leveza .
A alma livre .
O vôo .
A espiritualidade .

OS PORTAIS .

por Rosa Antuña em 2005

Ítalos Invisíveis

A cidade está no homem
como uma coisa está em outra.

Vazio que sempre está.
E te faz tão bem.
Torná-lo cúmplice.
Deus está no homem
como uma coisa está em outra?

por Rosa Antuña em 2006

Apenas Triste - 2005

Tudo o que faço é como uma pequena poesia.
Mal posso olhar em seus olhos hoje.
Estou triste.
Estou apenas triste.
Mas é uma tristeza grande.
Como cada tristeza humana.

Minha geladeira não funciona mais
Assim como muitas coisas na minha vida.

Por Rosa Antuña em 2005

Tudo o que eu Queria

Eu queria poder me sentar calmamente
E contemplar as estrelas

- Em paz -

Em harmonia cósmica perfeita.

- Única -

Contemplar a luz infinita e eterna.

- Em paz -

Era tudo o que eu queria.

por Rosa Antuña em 16/4/2005

Brasileiros

Sou tão brasileira
quanto cidadã do mundo
se é para dar as mãos e caminharmos juntos
nesse grande círculo
- então vamos todos - iguais -
em nossas dores, sofrimentos
e angústias;
em nossas desesperanças e
desamores...
em meio às nossas catástrofes
somos todos iguais e pequeninos.
Se é assim, que demos as mãos
e caminhemos juntos.
Todos iguais.

As dores de lá
podem ser as dores daqui.
Mas se pra isso for preciso lutar
Se até o dia desse dia
for preciso nos defender...
Então nos defendamos
Como brasileiros - íntegros-
índios, negros, brancos e vermelhos.
Lutemos até a morte
pela nossa liberdade,
pela nossa identidade afro-tupi.
Somos frutos de tantas raças misturadas
e por isso somos livres.
Não pertencemos a ninguém.
Somos fortes e somos o que somos.
Verdadeiros e únicos,
somos brasileiros.

Não somos espécimes exóticos
não somos amostras raras e interessantes
não viemos aqui para entreter colonizadores
viemos sim, quebrar algemas
de preconceito e fúria
quebrar algemas de desrespeito
com a nossa identidade
brasileira, livre e original.
Se for preciso,
morrerei lutando.

Mas eu sou livre.

por Rosa Antuña em 16/4/2005

Esgotar - 2004

dar
receber
dar
receber
dar mais
receber menos
prostituir-se
vender-se
entregar-se
desistir
lutar
e dar, dar, dar
não receber nada
receber pouco
dar
gastar tudo
dar
até a última gota

por Rosa Antuña em 2004

Dentes Fortes

Somos donos do nosso destino?
Escolhemos a vida que queremos?
Escolhemos nossos papéis?
Nossa liberdade tem condições e consequências?
Ela está mais próxima do que parece?
Mas pra quê?
Ficar livre do quê? Ou de quem?

O que nos escraviza?
O que nos limita?
Onde está o bloqueio?
E onde está o furo?
Existe chave que abre parede?
Onde é a barreira?
O que está fora não é um espelho?

Então veja você mesmo.
Tudo aquilo que lhe incomoda,
lhe pertence.
Então engula-se.
Degluta-se.
Mastigue-se se puder e sem pudor.
A carne pode ser velha e mal cheirosa.

Mas os dentes são fortes.

por Rosa Antuña em 2004

Verbos

A vida é feita de verbos:
Acordar
Levantar
Dormir
Almoçar
Jantar
Transar
Chorar
Sorrir
Casar
Cansar
Amar
Sofrer
Trabalhar
Continuar
Viver
Morrer
Renascer
Transcender
Perdoar
Libertar
Voar
Despertar
Dar
Receber

por Rosa Antuña em 2004

Além da Hora

A vida é feita de cenas.
Nada é tão real quanto parece.
As situações não passam de experimento.
Tanto faz eu ou você.
Ambos somos atores da mesma peça.
Ambos estamos no mesmo palco.
Podemos estar rindo ou chorando.
Isso não importa muito.
O que importa é estar atuando.
É estar encenando.
É estar mascarando.
E enquanto isso,
nos distraímos do real.
Esquecemos.
Fugimos. Fingimos.
Aceitamos qualquer coisa.
Aceitamos qualquer papel.
Nos conformamos fácil
porque queremos segurança.
Mas às vezes me pergunto...

- O que somos mesmo?

por Rosa Antuña em 2004

sábado, 29 de janeiro de 2011

Seja Forte - 2004

Seja forte
Isso vai passar
A incompreensão dos homens
A imposição de força
O preconceito

Seja forte
Isso vai passar
Chegará o dia em que homens e mulheres
Terão harmonia e respeito
E reconhecerão seu valor de igualdade
Sem disputa, sem competição
Sem abuso
Sem vingança
Sem ódio
Sem submissão

Seja forte
Isso vai passar
Quando o amor chegar inteiro

Seja forte.
ISSO VAI PASSAR.

por Rosa Antuña em 2004

Do que se Trata?

Sobre o que vou falar?
Há algo que precisa ser dito?
Fica o dito pelo não dito.
Um apelo.
Um grito.

Sobre o que vou falar?
Sobre sexo, amor, dinheiro?
A alma humana?

Francamente não sei.

Só sei que me movo e me reviro
assim mesmo
Mesmo sem saber assim me movo e me reviro.

Por que danço
Por que penso
Por que sinto
Por que vivo

Por que me desatino?
E o porquê do destino?

Ouço o barulho das ondas
a espuma vem tocar meu rosto
Vejo uma luz forte
Parece que ela me absorve.
Sinto paz.

por Rosa Antuña em 2005

Quando o amor chegar Inteiro - 2005

Quando o amor chegar inteiro
isento de qualquer mágoa
Livre de qualquer passado
Nós saberemos...

Tantas vezes tentei te falar
Tantas vezes tentei te dizer

Eu precisava ouvir
Eu precisava sentir na minha pele.

Tentei te dizer que o amor estava indo
mas você não me ouvia
Você não ouvia nada.
O amor quebrou inteiro
Tentei remendar os cacos,
mas ficou feio... ficou muito feio.
E era tão bonito antes...

Tentei virar do avesso
Mas pareceu um mal começo.

Você não quis.

Tentei te falar....
Você não me via...
não me ouvia.
Eu não sou uma máquina.
Sou apenas uma mulher.
quero apenas um homem apenas.
Um homem que me olhe
que me enxergue e
que me encharque de presença.
Um homem que não se apavore com minhas lágrimas.
Um homem que não queira me proteger de tudo.
Mas um homem que veja a mulher.
Preciso sentir o amor na pele.
Preciso sentir seu gosto.
Seu cheiro.
Quero sentir seu pulso
Seu peso
sua respiração...
Quero ouvir sua voz inteira
Quando o amor chegar inteiro.

por Rosa Antuña em 18/6/2005

"Tudo Além" e "A Paz"

Ser Tudo e mais além
Além do tempo e do espaço
Além da hora
Além do ir e vir
Além da espera e da história
Além da ciência e da matemática
Além da vida
Além do que é certo e do que é errado
Além do medo
Além do que está mais Além...


por Rosa Antuña em 2004


A PAZ

A Paz é aquilo que começa dentro.
É tanta coisa que não dá nem tempo.
São tão poucos os momentos de silêncio.
A vida vem e atropela.
Sequer temos a chance de perguntar porquê.
- quando chega a hora -
Mas antes da Paz, tivemos que conhecer a guerra.
- quando o Amor chegar inteiro -

E a história vai sendo varrida com seus corpos inertes.

por Rosa Antuña em 2003

Eu Sou

Eu Sou a chave
Eu Sou a estrela
Eu Sou o eterno

Eu Sou a liberdade
Eu Sou a vontade e a transcendência

Eu sou o homem
Eu Sou a mulher
Eu Sou a criança

Eu Sou a dança

Eu Sou o Eu Sou

O não eu e a não matéria
O ser livre
Liberto
Cósmico

Eu vago entre os planetas
Eu Sou os planetas
Eu assisto a criação
Eu Sou todos os seres
Eu já estava antes
Estou hoje
E estou além do tempo e do espaço
Além das leis dos homens

Eu Sou UNO
Yin e Yang
O bem e o mal
A mente e a não-mente
O fim da dualidade
O princípio da unidade

Sou a nascente
Sou a fonte e a semente
Eu Sou a luz
Sou o equilíbrio

O caminho do meio
A melodia do universo

O Verbo

A Voz

O Siêncio


A Consciência.

Eu sou luz.

por Rosa Antuña em 2004

Mais que mil Palavras - 2004

Eu te amo
Eu te amo
Eu te amo.
Eu te gosto
Eu te quero
Te amo desde o começo
te amo inteiro
te amo do aveço
porque eu me amo
eu me amo
eu me amo
eu me gosto eu me quero
eu me amo desde o começo
eu me amo inteiro
eu me amo do avesso
porque sei que eu posso
eu reconheço
e eu mereço
e eu te mereço
eu me liberto
eu te liberto
eu me salvo
eu te salvo
eu me desato
eu te desato
no um que nós somos
e no um que nós amamos.

por Rosa Antuña em 20/5/2004

Tristeza

E de repente em meu peito
Sinto uma tristeza
Uma tristeza antiga
que dói baixinho
para não incomodar.
Ela já estava aí,
doendo quietinha
e eu nem havia percebido...
Agora que a notei
Vejo que está tão sensível
e quase muda de tanto não falar.
Tenho vontade de perguntar a ela
O porquê do silêncio.
Mas já foi tanto tempo
que perdi o jeito
e nem sei mais como me aproximar.
Talvez eu deva simplesmente
Sacudir a tristeza
- quem sabe assim ela reage - e pára de doer?
Mas temo feri-la, magoá-la mais...
Quero que a tristeza saiba
que pode confiar em mim
e dizer porque há tanto tempo
ela dói tão quietinha...
e dizer quem a deixou assim...
- Sei que sou responsável por isso,
por não tê-la percebido antes;
permiti que ela fosse ficando, doendo.
Até fui me acostumando com a dor.
Mas sei também,
que depois que a tristeza falar,
depois que a tristeza chorar
ela estará finalmente livre
e se transformará em ...
... alegria.

por Rosa Antuña em 3/4/2001

"Pelo Céu" e "Perante Ti" - 2001

Pelo céu
uma miríade de balões brancos.
- um bom sinal -
Sobem como seres de luz
brilhantes
brincalhões
leveza e magia
rumo ao céu infinito.


PERANTE TI

Perante Ti
me dispo.
Perante Ti
me mostro.
Perante Ti
me entrego.
Perante Ti
me ajoelho.
Perante Ti
me destruo.

E como recomeço?
Como reconstruo
como reconheço
como redescubro

Como me visto
Como me escondo
Como me preservo
Como me levanto

Como me alimento
Como me enxergo
Como me espelho
Como me reflito

Como me amedronto
Como me iludo
Como me renovo
Como me projeto

E como me culpo!
Como me castigo
Como me permito?
Como me perdôo

- Como tive medo...

Como me explodo
Como me transbordo
Como me abençôo
E como me liberto?

por Rosa Antuña em 14/10/2001



por Rosa Antuña em 2001

1492

E estou aqui embuída de emoções e sentimentos
de homens que num tempo
arriscaram tudo.
Com fé mais neles do que em Deus,
arriscaram-se e entregaram-se à sorte.
De peito aberto para o mar
homens cegos
num momento obscuro da humanidade.
Onde druídas já não haviam.
Onde as bruxas se escondiam
e tanta sabedoria havia sido vedada.
Numa época em que ambição e orgulho
moviam aquelas pessoas ávidas
por conquistas... por vitórias.
Mas eles tiveram coragem
e acreditaram no sonho.
Foi preciso boa dose de loucura
e eles acreditaram no sonho...
E da névoa avistou-se a terra.
A terra à vista de todos.
E as lágrimas dos homens fortes
desceram mansas de encontro ao mar.

por Rosa Antuña em 6/4/2001

"A Arte "- 2001 e "A Dança" - 2002

Dizem que todo artista deve ir onde o povo está.

- Será?
- E onde ele não está?
- E onde a gente não chega?
- E onde todos estão?
- Devemos ir onde todos não chegam?
- Mas o artista chega?

A Arte chega até onde todos não chegam.
A Arte passa do ponto do "chegável".
A Arte ultrapassa o estado do visível e do atingível.
Esta Arte usa meu corpo e minha alma para dançar.

- E eu?

- Eu me entrego!

por Rosa Antuña em 27/9/2001


A DANÇA

A manifestação do Sagrado.
A Bênção.
O Dom.

Sem rótulos
Sem rigidez
Sem títulos
Expressão pura e crua de Arte e Amor.

Livre
Liberdade
Libertadora
Liberta

Sorrisos
Flores
Pássaros
Cosmos

Vida.

por Rosa Antuña em 23/6/2002

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Sobre os Campos - 1995

A vista dos campos simples
- é tão bela!
Verdejam para o sol,
sussurram para a lua...
Ah! Bela vista
que tanto me encanta
e meus males arranca
com sua melodia
banhada a mel.
E os céus?
Tão vastos e puros,
de nuvens castas
que chovem, chovem...
Sempre tão claros,
sempre tão escuros;
protetores sim,
dos campos simples
- seguros.
Olhos meus agradecem...
e também minh'alma
que tanto sente
a luz da vida

- vivente!

por Rosa Antuña em 1995

Paralelepípedos

Há um menino subindo
pelo meio da rua.
E um cachorro ladino
uivando pra lua.
O velho piston
ainda está sendo tocado;
enquanto o gato caminha
sobre o telhado.
O pedinte pedindo
uma história de amor.
Palhaços que contam
delírios de horror.
Pedaços ladinos
tocando o telhado;
como um quebra-cabeças
antigo e rasgado.
Há um menino subindo
em direção à lua.
E uma velha senhora
desfilando nua.
Numa estrofe de vida
serena e suada;
que passa sofrida
em eterna jornada.

por Rosa Antuña em 1995

Minhas três Luas

Três Príncipes Sábios
podem ser como que
Três Reis Magos.
Mente.
Corpo.
Espírito.
O um só
foi o Milagre.
- É necessário encontrar a Terra.
Três Marias.
Três Desejos.
três Caminhos.
É na reta final
onde todos se encontram.
Ainda precisamos nos lembrar de que
um gesto vale mais que mil palavras,
doces ou amargas.
Sei sorrir de três maneiras especiais,
para três luas douradas...

por Rosa Antuña em 1995

O Prêmio

Sobre o troféu
não há mais nada a dizer.
Sob o arco-íris
não há mais pote de ouro.

E o porquê dos magos azuis?
Ou as baleias claras
nos lagos escuros?

São reticências.
O trio de Marias.

Refiro-me ao pote de barro.
Atrás dos castelos há a linha mágica.
E bruxas nuas,
de beleza crua,
que sorriem ao verem
os desesperados
comerem o ouro dourado...
E elas ficam com o pote
- manchado -
Sobre o troféu
não há mais nada a dizer.

por Rosa Antuña em 1995

O Arcaico - 1995

E onde estão as sereias?
Aquelas, dentro das baleias...
E o velho sol amarelo,
amigo antigo do tal castelo?

Todos se foram...
Águas de um passado ardente,
ou fogo de um passado aguado.

O moinho continua sendo movido.
O grito se perdeu no ar.
O lamúrio das crianças
foi levado pelo lagarto sorridente.

Tudo se foi.
Tudo se vai.
Agora sinto-me aqui.
esperando.
Fuligem e pó se vão.
Fico.

No momento,
ainda

só.

por Rosa Antuña em 1995

O Vôo

As ondas quebram nas rochas.
o vento uiva mudo para o céu.
A voz da menina guarda a palavra.

Olhos perdidos que buscam o porquê.
E a espuma fria que bate na face.

E a gaivota voa,
assim como o sorriso
da doce criança,
da doce menina pedra...

O vento cessou.
O silêncio fez-se ouvir.
Ela se foi em busca da gaivota.
Ela voou...
... muda,

guardando a palavra da vida.

por Rosa Antuña em 17/5/95

O Dulcíssimo

Na mão da menina
há um segredo.
- secreto segredo -
no entanto sabido
por todos os sábios...
Segredo do pranto.
Pranto preso em lind'alma.

Na mão da menina
há um lago.
- salgado lago -
contudo doce
pela angústia inata...
Lago do pranto.
Pranto preso em sua palma.

Angústia que mata.
Doce segredo salgado.
Casta mão alagada...

... pranto puro,
frio e cru.
... pranto preso
no lago azul.

- o azul da pele pálida
na mão da menina fria.

por Rosa Antuña em 20/1/95

Estrofe

Relances :
amor e ternura
à tona vêm,
ao fundo vão...
Felizes sorrisos,
sinceros abraços.
Saudades, saudades.

por Rosa Antuña em janeiro de 1995

Ciprestes - 1994

Foi de súbito
que chegou o desejo.
Desejo pelas folhas verdes.
Folhas serenas
que ardem ao cair,
ao tocar o chão.
Folhas trincadas
que brilham ao sol,
em combustão.
Foi num repente
que molhou a chuva.
Molhou um desejo perene.
Desejo do chão
em tocá-las verdes
e cálidas...
Desejo do chão
em atapetá-las com a lua,
cobri-las de pó.
Folhas perenes e aguadas;
desejo encharcado e ardido.
Verde pó úmido e abatido...
... num só.

por Rosa Antuña em 1994

Voar

Foi ao sentir
o aroma das nuvens,
quando percebi o toque
do primeiro amanhecer.
Pude desfrutar dos pêssegos
doces e santos...
E o sopro
dos Anjos e Arcanjos
brincou com meus cabelos.
Foi ao sentir
o aroma das nuvens,
quando percebi o que é
estar viva.

por Rosa Antuña em outubro de 1994

Partes

Parte I : O Caminho

E a menina caminha
à procura de um milagre.
Não pensa, não ouve,
apenas procura.
Mal vê ou percebe,
não chora, não ri.
Ela bate à porta
que abre e fecha
ou fecha e não abre
e esconde, abriga
uma gente minguada,
calada e abatida.
E a menina caminha
à procura de um milagre
que vai rio acima
à foz de sua sina
que rege e domina
uma vida minguante,
ou nova e crescente
qu'inda não encheu.
Segue estrada de ferro
ou de terra,
pés descalços nos trilhos
ou nos pedregulhos
que a guiam para cima
retilineamente
à foz de sua sina.

Parte II : As Estações

Vem a brisa da relva
trazendo presente
o molhado orvalho
e uma vida latente
à espera na selva
do outono cadente
com som de chocalho.
O perfume da noite
envolve e protege
essa ninfa sem asas,
que tem como amigos
anjos e fadas
que plantam sementes
entre seus cabelos,
de rosas e cravos...
e o passo não cessa.
Vem com a prece:
o vento,
e depressa,
a amiga:
a lua;
sempre mãe, sempre nua,
é a boca da noite
mais pura, mais crua
de um deserto ambulante.
Está frio, está quente...
... e o passo não cessa.

Parte III : O Milagre

O milagre aconteceu
quando ela chegou à montanha.
Não sorriu, não chorou.
Foi guiada para cima
ouvindo o murmúrio
dos anjos e fadas,
tão amigos...
Ela bate à porta
que fechada responde
e se abre em silêncio.
Os olhos disseram
a história de séculos.
Na casa tão simples,
tão clara,
puderam ver-se.
Sem medo, sem rodeios.
Os olhos sempre dizem
a história de séculos.
Ela entrou e chorou.
Ele apenas sorriu.
Os olhos abraçaram-se,
perdoaram-se.
Conquistada a liberdade,
a cada toque, um passo.
O um só foi o milagre.
Aconteceu quando subiram a montanha,
naquela casa tão clara e tão simples...

por Rosa Antuña em 9/10/94

O Jogo

- E por que blasfemar?
para poder amar...
... num blefe.
... num leque aberto
da dama.
Dama que trama
o blefe.
Leque que ama
aberto.
Aperto que inflama
a chama.
E chama para dentro...
... a dama.
... a trama aberta
em abraço.
Abraço atado
em laço de aço,
num blefe de leque.
Aberto o aperto da dama.
Amor desperto pela chama.
Finda a trama de blasfêmias.
- Xeque-mate.

por Rosa Antuña em 20/9/94

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Capuccino

Fui a você.
Foi quando vi.
Fomos à noite.
Antes do amanhecer.
... para dizer tudo
... o que realmente havia
... tomar um café.
Antes do amanhecer.
O que eu queria.
Entre nós, não sabia.
E os olhos de pé.
Antes do amanhecer.
Saí com você.
Nem como e porquê?
Sem poder enxergar
- até amanhecer.

por Rosa Antuña em 10/10/94

Lume

As luzes falam mais alto
quando vistas no arranhacéu.
Arranhacéu que quebra o vidro,
que quebra o véu.
Véu de nuvens brancas
Véu de noivas santas
Véu de brado e pranto.
As estrelas sorriem mais próximo
quando vistas do arranhacéu.
Céu arranhado que grita calado,
que grita pra dentro.
Dentro do buraco negro
Dentro do vazio claro
Dentro do vácuo intenso.
As quedas são mais duras
quando feitas do arranhacéu.
Prédio infinito que obriga a sofrer,
que obriga a cair.
Cair das nuvens santas
Cair do brado negro
Cair do vácuo claro.
As luzes são mais duras...
As estrelas falam mais alto...
As quedas sorriem mais próximo...
... quando quer-se cristalizar no arranhacéu.

por Rosa Antuña em 25/8/94

Ventania

E o vento batia na vidraça.
O rosto desfigurado pelo vidro aguado.
E a chuva se atirava ao chão.
o gato pulou do telhado;
o de chapéu alagado atravessou a rua.
E o vento desfigurado se atirava ao chão.
O rosto aguado atravessou a rua.
E a chuva batia na vidraça.
o gato pulou do telhado;
o chapéu se atirava ao chão alagado.
- E os postes continuavam acesos.
E o vento acariciava a vidraça aberta.
O lindo rosto bebia a água do vidro.
E a chuva já inundava o chão.
o gato pulou do telhado;
o do chapéu ao chão parou à frente.
- E os postes continuavam acesos.
E o vento beijava as paredes da sala.
O rosto embriagava-se de lágrimas.
E a chuva sorria.
o gato pulou do telhado;
o de antes com chapéu, entrou.
- E os postes continuavam acesos.
E o vento parou.
O rosto sorriu.
E a chuva cessou.
o gato miou no muro;
o sem chapéu beijava as lágrimas:
secas.
- E os postes já estavam apagados.

por Rosa Antuña em 24/8/94

Destino

Tentei ouvir o que você dizia.
Tentei nadar numa corrente fria.
Pensei entrar num mundo de magia.
Oscilante...
vejo as linhas da sua mão.
Permanente...
busco sim ou não.
Latente...
aguardo o raio e o trovão.
Pensei entrar num mundo de magia.
Tentei nadar numa corrente fria.
Tentei ouvir o que você dizia.
- Bem sei o que aconteceu.

por Rosa Antuña em 1°/7/94

O Plúmbeo

Foi ouvindo o cântico do clero
quando senti o fluir da alma
pela primeira vez.
Foi ouvindo;
fui ouvindo.
Não puderam me ouvir.
E ao deixar-me cair
sobre o cântico do clero,
sequer fui visto; ou sentido.
Entretanto
eu os ouvira por dentro,
eu os vira de cima.
Foi ouvindo o cântico do clero
quando vi o movimento da folha,
dançando seca no outono velho...
pousando suave sobre as águas,
frias e plúmbeas como o vestuário
dos padres cegos ou sãos.
Pude dançar com olhos que viam
as notas gregorianas...
- Senti o amor bailar com Deus.
Foi ao ouvir o cântico do clero
quando aprendi a dar boas risadas...

por Rosa Antuña em 30/6/94

Ao Olhar

À luz do olhar
que brilha
espantando os vultos
e também os insultos
tão frágeis e quebradiços
que partem-se.
E partem.
À luz do olhar
agradeço.
E sim, reconheço
a sutil fortaleza
da bondade
que forma o fio.
Fio de luz
liberto pelas pupilas
que sorriem
por saberem
da verdade Divina.
Agradeço à luz
do olhar de Deus.

por Rosa Antuña em 24/6/94

Cavalgada

E lá vem a menina...
O vento batendo
os olhos pra cima
seguindo caminho
ausência de tempo
lágrima escorrendo
cabelo voando
mais que o pensamento preso no chão.

E lá vai a menina...
O vento batendo
levantando a saia
e levando ciscos
pra olhos tão belos
daquela donzela
que segue caminho
com pés descalços amarrados no chão.

Continua a menina...
Bonita.
Caminho traçado
pra ela.
Tão bela; tão fera.
Buscando a estrela
e a espada;
a maneira é cavalgar pelo chão.

Lá se foi...
Brilhando na noite
procurando a morte
entregue à sorte
e ao delírio da brisa
- tão bruxa -
Tão brasa na areia.
Seguindo o destino marcado na mão.

por Rosa Antuña em junho de 1994

Morte

Sobre a vida
o que pensas?
No sobreaviso divino...
Na Divina Comedia...
No comedido indivíduo?
- num minuto passado.

Quando nesse
minuto
sentimos o silêncio
- absoluto.
O silêncio pode
eternizar-se n'alma.
É quando deixamos o corpo
sem dizermos adeus...

por Rosa Antuña em maio de 1994

Busca

Pisando na areia,
pés descalços,
rumo ao mar.
Sentindo o perfume das ondas,
ondas que embalam o berço,
berço-barco de homens-sãos.
São todos filhos de Deus.
E lá vai o barco à vela...
buscando a linha;
linha do fim inatingível.
Inatingível fim-aquarela,
onde o sol a faz tão bela!
Bela flor amarela...
Sorria um sorriso azul,
respire o sentimento dos lírios,
permita que se vão os martírios
levados por vermelhos navios
na direção do amanhã.

por Rosa Antuña em 24/5/94

O Sentir - 1993

Não tenho.
Não sinto.
Não quero.
Sequer preciso...
Ali.
Babam quarenta ladrões.
Babam ao verem
os anéis passando
- feitos de latões -
que um dia foram berço,
Sim, de meus amigos ladrões.
Usam roupas sem botões.
Seus motéis são os porões...
antigos porões de magma,
sorriem derramando lágrima;
entornando... naufragando.
Ali.
Bebem em cinquenta canhões dourados.
Como nos amam,
estes cavalos alados!

por Rosa Antuña em 26/11/93

Ondas

É aqui...
Estamos nas águas.
Que vêm...
e que vão.
No emaranhado de redes remendadas.
Secas e suadas.
Que vêm...
e que virão;
com peixe...
sem peixe.
Comendo farelo
atrás do castelo;
à sombra do sol amarelo
que seca as espumas...
(instáveis dunas)
que vêem...
e que viram.
Seguindo as linhas das suas mãos;
que são como um
emaranhado de destinos.
Felinos; ladinos.
Como os peregrinos
tropeçam nas ondas
- curvas hediondas -
que vieram...
e foram.
Amaram...
e sorriram.
A cada amanhecer...
que se vai na espuma do entardecer
e mergulha na noite de Yemanjá.
À procura do pão
que vem...
e que vai.
Mergulhado e naufragado no mar.

por Rosa Antuña em 1993

De Repente 1993

Pergunte àquele rapaz com que pernas
eu devo seguir;
ao menos sei se devo existir
na sua vida.
- que está aqui... e ali...

Não sei de nada disso; vamos todos filosofar
para a lua
que na sua
beleza nua,
pura e crua...
nos diz coisas à flor da pele.

É essa a nova expressão do ser vivente
e ouvinte;
e o seguinte?
Não sabemos mais.
Também gosto dele...

Todos devemos nos amar juntos e nunca
nos esconder uns dos outros, pois
agora...
está na hora...
- Não demore.

Nossos nervos estão à flor da pele.

Rosa Antuña em 16/5/93